A carta à igreja de Pérgamo é um brado de Jesus é a
igreja hoje. Essa carta é endereçada a você, a mim, a nós. Não pregarei esse
sermão diante de vocês, mas a vocês. Examinaremos não apenas um texto antigo,
mas sondaremos o nosso próprio coração à luz dessa verdade eterna. O perigo que estava assaltando
a igreja de Pérgamo era a linha divisória entre verdade e heresia. Como a
igreja pode permanecer na...
verdade sem se misturar com as heresias e com o mundanismo?
Como uma igreja que é capaz de enfrentar o martírio permanecer fiel diante da
tática da sedução? A palavra “pérgamo” significa casado”. A igreja precisa lembrar-se
que ela está comprometida com Cristo, é a noiva de Cristo e precisa se
apresentar a igreja como uma espoa santa, pura e incontamida. No Livro de
Apocalipse o sistema do mundo que está entrando dentro da igreja é definido
como a grande Babilônia, a mãe das meretrizes, enquanto a igreja é definida
como a noiva de Cristo. O ponto central dessa carta é alertar a igreja sobre o risco da
perigosa mistura do povo de Deus com o engano doutrinário e com a imoralidade
do mundo.
I. CRISTO FAZ UM DIAGNÓSTICO DA IGREJA E REVELA OS SEUS
SINTOMAS
1. Cristo vê uma igreja instalada no meio do acampamento de
Satanás – v. 13
A. Pérgamo, uma cidade com um passado glorioso
• Historicamente era a mais importante cidade da Ásia.
Segundo Plínio “era a mais famosa cidade da Ásia”.
• Começou a destacar-se depois da morte de Alexandre, o
grande em 333 a.C. Foi capital da Ásia quase 400 anos. Foi capital do reino
Selêucida até 133 a.C.
• Átalo III, rei selêucida, o último de Pérgamo, passou o
reino a Roma em seu testamento e Pérgamo tornou-se a capital da província
romana da Ásica.
B. Pérgamo, um importante centro cultural
• Como centro cultural sobrepujava Éfeso e Esmirna. Era
famosa por sua biblioteca que continha 200.000 pergaminhos. Era a segunda maior
biblioteca do mundo, só superada pela de Alexandria.
• Pergaminho deriva-se de Pérgamo. O papiro do Egito era o
material usado para escrever. No século III a. C. EUMENES, rei de Pérgamo
resolveu transformar a biblioteca de Pérgamo na maior do mundo. Convenceu a Aristófanes
de Bizâncio, bibliotecário de Alexandria a vir para Pérgamo. Ptolomeu, rei do
Egito, revoltado, embargou o envio de papiro para Pérgamo. Então, inventaram o
pergaminho, de couro alisado, que veio superar o papiro. Pérgamo gloriava-se de
seus conhecimentos e cultura.
C. Pérgamo, um destacado centro do paganismo religioso
1. Em Pérgamo ficava um grande panteão
• Havia altares para vários deuses em Pérgamo. No topo da
Acrópole, ficava o famoso templo dedicado a Zeus, uma das sete maravilhas do
mundo antigo. Todos os dias se levantava a fumaça dos sacrifícios prestados a
Zeus.
2. Em Pérgamo havia o culto a Esculápio
• Esculápio era o “deus salvador”, o deus serpente das
curas. Seu colégio de sacerdotes médicos era famoso. Naquela época mantinha 200
santuários no mundo inteiro. A sede era em Pérgamo. Ali estava a sede de uma
famosa escola de medicina. Para ali peregrinavam e convergiam pessoas doentes
do mundo inteiro em busca de saúde. A crendice misturava-se com a ciência.
• Galeno, médico só superado por Hipócrates, era de Pérgamo.
• As curas, muitas vezes, eram atribuídas ao poder do deus
serpente Esculápio. Esse deus serpente tinham o título famoso de Salvador. A
antiga serpente assassina, apresenta-se agora como sedutora.
3. Em Pérgamo estava o centro asiático do culto ao Imperador
• O culto ao imperador era o elemento unificador para a
diversidade cultural e política do império. No ano 29 a.C. foi construído em
Pérgamo o primeiro templo a um imperador vivo, o imperador Augusto. O
anticristo era mais evidente em Pérgamo do que o próprio Cristo.
• Desde 195 a.C., havia templos à deusa Roma em Esmirna. O
imperador encarnava o espírito da deusa Roma. Por isso, se divinizou a pessoa
do imperador e começou a se levantar templos ao imperador.
• Uma vez por ano, os súditos diviam ir ao templo de César e
queimar incenso dizendo: “César é o Senhor”. Depois, podiam ter qualquer outra
religião. Havia até um panteão para todos os deuses. Isso era símbolo de
lealdade a Roma, uma cidade eclética, de espírito aberto, onde a liberdade
religiosa reinava desde que observassem esse detalhe do culto ao imperador.
4. Em Pérgamo estava o trono de Satanás
• Naquela cidade estava o trono de Satanás. Ele não apenas
habitava na cidade, mas lá estava o seu trono. O trono de Satanás não estava
num edifício, como hoje sugerem os defensores do movimento de Batalha
Espiritual, mas no sistema da cidade.
• O trono de Satanás é marcado pela pressão e pela sedução.
Onde Satanás reina predomina a cegueira espiritual, floresce o misticismo,
propaga-se o paganismo, a mentira religiosa bem como a perseguição e a sedução
ao povo de Deus.
• Em Pérgamo estava um panteão onde vários deuses eram
adorados. Isso atentava contra o Deus criador. Em Pérgamo as pessoas buscavam a
cura através do poder da serpente. Isso atentava contra o Espírito Santo, de
onde emana todo o poder. Em Pérgamo estava o culto ao Imperador, onde as
pessoas queimavam incenso e o adoravam como Senhor. E isso conspirava contra o
Senhor Jesus, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
• Cristo não apenas conhece as obras da igreja e suas
tribulações. Mas também conhece a tentação que assedia a igreja, conhece o
ambiente que ela vive. Cristo sabe que a igreja está rodeada por uma sociedade
não-cristã, com valores mundanos, com heresias nos bombardeando a todo
instante.
2. Cristo vê uma igreja capaz de enfrentar até a morte por
causa do nome de Jesus – v. 13
• Cristo conhece também a lealdade que a igreja lhe dedica.
A despeito do poder do culto pagão a Zeus, a Esculápio e ao imperador, os
crentes da igreja de Pérgamo só professavam o nome de Jesus. Eles tinham
mantido suas próprias convicções teológicas no meio dessa babel religiosa. A
perseguição religiosa não os intimidou.
• A igreja suportou provas extremas. Antipas, pastor de
Pérgamo, segundo Tertuliano, foi colocado dentro de um boi de bronze e este foi
levado ao fogo até ficar vermelho, morrendo o servo de Deus sufocado e
queimado. Ele resistiu a apostasia até a morte.
3. Cristo vê uma igreja que começa a negociar a verdade – v.
14
• Como Satanás não logrou êxito contra a igreja usando a
perseguição, mudou a sua tática, e usou a sedução. A proposta agora não é
substituição, mas mistura. Não é apostasia aberta, mas ecumenismo.
• Alguns membros da igreja começaram a abrir a guarda e a
ceder diante da sedução do engano religioso – Na igreja havia crentes que
permaneciam fiéis, enquanto outros estavam se desviando da verdade. Numa mesma
congregação há aqueles que permanecem firmes e aqueles que caem.
4. Cristo vê uma igreja que começa a ceder às pressões do
mundo – v. 14
• Balaque contratou Balaão para amaldiçoar a Israel. Balaão
prostituiu os seus dons com o objetivo de ganhar dinheiro. O deus de Balaão era
o dinheiro. Mas quando ele abria a boca só consegue abençoar. Então Balaque
ficou bravo com ele. Aí por ganância, aconselhou Balaque enfrentar Israel não
com um grande exército, mas com pequenas donzelas sedutoras. Aconselhou a
mistura. Aconselhou o incitamento ao pecado. Aconselhou a infiltração, uma
armadilha. Assim, os homens de Israel participariam de suas festas idólatras e
se entregariam à prostituição. E o Deus santo se encheria de ira contra eles e
eles se tornariam fracos e vulneráveis.
• O pecado enfraquece a igreja. A igreja só é forte quando é
santa. Sempre que a igreja se mistura com o mundo e adota o seu estilo da vida,
ela perde o seu poder e sua influência.
• O grande problema da igreja de Pérgamo é que enquanto uns
sustentavam a doutrina de Balaão os demais membros da igreja se calaram num
silêncio estranho. A infidelidade aninhou-se dentro da igreja com a adesão de
uns, e o conformismo dos outros. A igreja tornou-se infiel.
5. Cristo vê uma igrja que começa a baixar o seu nível moral
– v. 15
• Eles ensinavam que a liberdade de Cristo é a liberdade
para o pecado. Diziam: Não estamos mais debaixo da tutela da lei. Estamos
livres para viver sem freios, sem imposições, sem regras. Esse simulacro da
verdade era para transformar a graça em licença para a imoralidade, a liberdade
em licenciosidade.
• Os nicolaítas ensinavam que o crente não precisa ser
diferente. Quanto mais ele pecar maior será a graça. Quanto mais ele se
entregar aos apetites da carne, maior será a oportunidade do perdão. Eles
faziam apologia ao pecado. Eles defendiam que os crentes precisam ser iguais
aos pagãos. Eles deviam se conformar com o mundo.
• Cristo odeia a obra dos nicolaítas. Ele odeia o pecado. O
que era odiado em Éfeso era tolerado em Pérgamo.
II. CRISTO FAZ UM DIAGNÓSTICO DA IGREJA E IDENTIFICA A FONTE
DO PECADO – V. 13
1. A fonte do pecado é diabólico – v. 13
• A igreja de Pérgamo viveu e adorou e testemunhou onde
Satanás habita (v. 13b) e onde está o trono de Satanás (v. 13a). Satanás não
somente habitou em Pérgamo, ele também a governou. Satanás era a fonte dos
pecados aos quais alguns membros da igreja tinham sucumbido. Seus numerosos
templos, santuários e altares, seu labirinto de filosofias anticristãs, sua
tolerância com a imoralidade dos nicolaístas e balaamitas ostentavam um
testemunho em favor do domínio maligno.
• Precisamos apagar da nossa mente a caricatura medieval de
Satanás. Despojando-o dos chifres, cascos e do rabo. A Bíblia diz que ele um
ser espiritual inteligente, poderoso e inescrupuloso. Jesus o chamou de
príncipe deste mundo. Paulo o chamou de príncipe da potestade do ar. Ele tem um
trono e um reino e sob seu comando está um exército de espíritos malignos que
são identificados nas Escrituras como “os dominadores deste mundo tenebroso” e
“forças espirituais do mal nas regiões celestes”.
2. Pérgamo, um lugar sombrio
• Pérgamo era um lugar sombrio. Ela estava mergulhada na
confusão mental da heresia. Pois os reino de Satanás é onde as trevas reinam,
ele é o dominar deste mundo tenebroso. Ele odeia a luz. Ele mentiroso e
enganador. Ele cega o entendimento dos descrentes. Ele instiga os homens a
pecar e os induz ao erro.
III. CRISTO DIAGNOSTICA A IGREJA E JULGA OS QUE SE RENDERAM
AO PECADO – V. 12,16
1. Jesus exorta os faltosos ao arrependimento – v. 16
• Arrependimento – A igreja precisava expurgar aquele pecado
de tolerância com o erro doutrinário e com a libertinagem moral. A igreja
precisava arrepender-se do seu desvio doutrinário e do seu desvio de conduta.
Verdade e vida precisam ser pautados pela Palavra de Deus. Embora o juízo caia
sobre os que se desviaram, a igreja toda é disciplinada e envergonhada por
isso.
• A igreja precisa arrepender-se de sua tolerância com o
erro – Embora apenas alguns membros da igreja se desviaram, os outros devem se
arrepender porque foram tolerantes com o pecado. Enquanto os crentes de Éfeso
odiavam as obras dos nicolaítas, os crentes de Pérgamo, toleravam a doutrina e
a obra dos nicolaítas. O pecado da igreja de Pérgamo era a tolerância com o
erro e com o pecado.
2. Jesus sentencia os impenitentes com o juízo
• Juízo – A falta de arrependimento acarreta em juízo. Jesus
virá em juízo condenatório contra todos aqueles que permanecem impenitentes e
contra aqueles que se desviam da verdade. Antipas morreu pela espada dos romanos.
Mas quem tem a verdadeira espada é Jesus. Ele derrotará os seus inimigos com
esta poderosa arma.
• A espada da sua boca é a sua arma que destrói seus
inimigos. Essa é a única arma que Jesus usará na sua segunda vinda. Com ela ele
matará o anticristo e também destruirá os rebeldes e apóstatas.
• A mensagem da verdade se tornará a mensagem do julgamento.
Deus nos fará responsáveis por nossa atitude em face da verdade que conhecemos.
Jesus que a sua própria palavra é que condenará o ímpio do dia do juízo (Jo
12:47-48). A palavra salvadora torna-se juiz e espada benfazeja, transforma-se
em carrasco.
IV. JESUS CRISTO DIAGNOSTICA A IGREJA E PREMIA OS VENCEDORES
– V. 17
1. Os vencedores comerão do maná escondido – v. 17
• No deserto Deus mandou o maná (Ex 16:11-15). Quando cessou
o maná, um vaso com maná foi guardado na Arca e depois no templo (Ex 16: 33,34;
Hb 9:4). Com a destruição do templo, conta uma lenda que Jeremias escondeu o
vaso com maná numa fenda do Monte Sinai. Os rabinos diziam que ao vir o Messias
o vaso com maná seria recuperado. Receber o maná escondido significa desfrutar
das bênçãos da era messiânica.
• O maná escondido refere-se ao banquete permanente que
teremos no céu. Aqueles que rejeitam o luxo das comidas idólatras nesta vida,
terão o banquete com as iguarias de Deus no céu. Bengel disse que diante desse
manjar o apetite pela carne sacrificada a ídolos deveria desaparecer.
• O maná era o pão de Jeová (Ex 16:15), cereal do céu (Sl
78:24). Era alimento celestial. Os crentes não devem participar dos banquetes
pagãos, pois vão participar dos banquetes do céu. Jesus é o pão do céu.
2. Os vencedores receberão uma pedrinha branca
• Era usada nos tribunais para veredito dos jurados – A
sentença de absolvição correspondia a uma maioria de pedras brancas e a de
condenação a uma maioria de pedras pretas. O cristão é declarado justo,
inocente, sem culpa diante do Trono de Deus.
• Era usada como bilhete de entrada em festivais públicos –
A pedrinha branca é símbolo da nossa admissão no céu, na festa das bodas do
Cordeiro. Quem deixa as festas do mundo, vai ter uma festa verdadeira onde vai
rolar alegria para sempre.
3. Os vencedores receberão um novo nome
• O maná escondido é Cristo. O novo nome é Cristo. Vamos nos
deliciar com o maná e compreender o novo nome. Esta é a visão beatífica.
• Aqueles que conhecem em parte conhecerão também
plenamente, como são conhecidos. Aqueles que vêem agora como em um espelho,
indistintamente, o verão face a face.
Rev. Hernandes Dias Lopes
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