Estudo feito com pessoas de 18 a 24 anos revela que a geração atual pensa no coletivo e sonha com o fim da violência e corrupção.
Brasil possui 25 milhões de jovens entre 18 e 24 anos. Desta faixa, 76% acreditam que o país está mudando para melhor, Os jovens brasileiros estão mais esperançosos com o...
futuro do país. Quem chega a essa conclusão é a empresa de mapeamento de tendências Box1824, que entrevistou 3000 garotos e garotas entre 18 e 24 anos, de todas as classes sociais, para descobrir o que eles pensam sobre o país e sobre a sua geração. O estudo, que faz parte do projeto intitulado “O Sonho Brasileiro” e demorou um ano e meio para ser concluído, constatou que 89% dos jovens têm orgulho de ser brasileiro, sendo que 76% acreditam que o país está mudando para melhor. Os dados são positivos e revelam bastante otimismo entre as 25 milhões de pessoas que fazem parte desta faixa etária atualmente.
futuro do país. Quem chega a essa conclusão é a empresa de mapeamento de tendências Box1824, que entrevistou 3000 garotos e garotas entre 18 e 24 anos, de todas as classes sociais, para descobrir o que eles pensam sobre o país e sobre a sua geração. O estudo, que faz parte do projeto intitulado “O Sonho Brasileiro” e demorou um ano e meio para ser concluído, constatou que 89% dos jovens têm orgulho de ser brasileiro, sendo que 76% acreditam que o país está mudando para melhor. Os dados são positivos e revelam bastante otimismo entre as 25 milhões de pessoas que fazem parte desta faixa etária atualmente.
O levantamento mostra que esses números são resultados de diversos
fatores. No campo social, isso se deve a esse grupo ter crescido no
período pós-ditadura, imerso em novas tecnologias e com a inflação
controlada. Diante da situação econômica mais promissora, o jovem
encontra um país cada vez mais importante no cenário internacional,
pronto para superar crises, além de ser escolhido para sediar grandes
eventos esportivos.
A cara da nova geração
Mas, se o país vai bem, qual é a cara da juventude, associada
normalmente a movimentos de ruptura? No passado, ela enfrentava
realidades distintas. Nos anos 1960, o jovem tinha sonhos grandiosos e
utópicos. A geração seguinte possuía sonhos possíveis, porém
individualizados. A atual tem desejos alcançáveis e quase sempre focados
no coletivo. Desses jovens, por exemplo, 77% acreditam que o seu próprio bem-estar depende da satisfação da sociedade em que vive. “É dever do cidadão pensar no coletivo”, afirma o estudante Felipe Gonçalves Guimarães, de 18 anos.
A pesquisa, antes mesmo de constatar o otimismo com o país, provocou
os jovens a refletirem sobre os anseios pessoais. Assim como Felipe,
cujo maior sonho é ser bem-sucedido nos cursos de Cinema e Publicidade e
Propaganda, a maioria, 55%, cita como primeira opção o desejo de se
formar e conseguir emprego. Outros 24% logo escolhem alcançar o trabalho
dos sonhos. Mais uma constatação dos pesquisadores é a de que essas
pessoas querem fazer aquilo que gostam e não pensam apenas no dinheiro. Roberto Moreira Lage Júnior,
de 20 anos, estuda direito, mas coloca a vontade de se sentir realizado
profissionalmente na frente da estabilidade financeira. “Fazer o que dá
dinheiro, mas não dá prazer, pode vir a se tornar insuportável”,
acredita.
Esse pensamento é compartilhado por Gabriel Vasques,
18 anos, que afirma categoricamente: “Meu maior sonho é conseguir viver
de música”. Para ele, a realização pessoal é o mais importante. “Estou
colocando como prioridade aquilo que gosto, não faço questão de um
salário absurdo para me sentir realizado”, acrescenta. O que a pesquisa
mostra é que essa geração não nega questões como dinheiro e
estabilidade, mas a diferença é que não se contenta só com isso e quer
unir a realização pessoal com a profissão dos sonhos. “Fazer o que
gosta, mas não ter condições de sobreviver, também não é possível”,
pondera Roberto. A percepção é de que os profissionais mais admirados
são os que conseguem aliar trabalho e felicidade.
Sonhos para o Brasil
Quando o tema em pauta é o país, e não o indivíduo, 18% sonham com menos violência, seguido pelos 13% que citam a necessidade de menos corrupção.
Gabriel se encaixa nesse quadro e acredita que o desvio de verba
pública acontece em quantidade absurda e deseja a diminuição dessa
realidade. Para mudar o que está errado, o estudo aponta o próprio jovem
como catalisador do progresso, isso porque historicamente essa faixa de
idade busca ampliar suas liberdades de escolha e expressão ao
revolucionar costumes.
Dentro do grupo pesquisado, 56% acreditam que a transformação será alcançada agindo com honestidade no dia a dia,
e outros 30% por meio das oportunidades que o Brasil oferece. Todo o
otimismo em relação à nação surge com os 87% que acham o país importante
no mundo atual. O curioso é que o jovem acredita no Brasil, mas não
atribui o progresso a nenhum partido político. A pesquisa mostrou que
eles, além de apontarem os problemas, já enxergam as maneiras pelas
quais podem atuar pela mudança, que parte do desejo individual para
alcançar o coletivo.
As recentes manifestações anticorrupção que pipocaram pelo Brasil
refletem essa realidade. As mobilizações surgiram a partir de ambientes
digitais, como o Facebook, pela livre iniciativa de indivíduos cansados
da impunidade. No ambiente da internet, acharam outras pessoas com o
mesmo pensamento e assim o movimento ganhou forma e tomou as ruas. Em
nenhuma dessas marchas houve a participação de partidos políticos. Isso
não significa uma geração despolitizada, já que 71% dos jovens acreditam que usar a internet para mobilizar as pessoas é uma forma de fazer política.
O diferencial para qualquer outro tempo é a maneira pela qual essas
manifestações começaram, o que reflete o novo jeito de se relacionar.
Por isso, são considerados a primeira geração global de brasileiros.
Eles não veem barreiras na comunicação e enxergam a tecnologia como
espaço para trocas sem limites físicos ou sociais, assim seus anseios
pessoais são expostos em rede e outras pessoas se identificam e começam a
se mobilizar. Essa característica é definida pelo projeto Sonho
Brasileiro como hiperconexão. “A internet é, hoje em dia, o meio de
comunicação que mais influencia os jovens, o papel dela é primordial”,
salienta Gabriel.
Os jovens-ponte
De acordo com a pesquisa, os jovens-ponte são os formadores de
opinião e equivalem a 8% das pessoas entre 18 e 24 anos. São dois
milhões de brasileiros nessa condição. E o principal diferencial é que
eles convivem com grupos bastante distintos e levam o que aprendem de um
para o outro, redistribuindo os pensamentos e conectando pessoas que
não se falariam espontaneamente. O projeto as define como catalisadores
de ideias.
Outra característica é que essas pessoas não aceitam discursos
preconceituosos, porque acreditam que essa ponte deve ser feita entre
diferentes realidades. Como esse jovem transita por muito mais grupos do
que a média, age por múltiplas causas, está aberto a trocas e não
defende bandeiras unidimensionais. Felipe, que se relaciona com mais de
seis grupos, acredita que se encaixa nesse perfil. “Quando converso
sobre política, por exemplo, sempre tento mostrar os dois lados.”
Segundo o estudo, a geração atual é menos individualista e está cansada de hierarquia. Não à toa, 74% afirmam se sentir na obrigação de fazer algo pelo coletivo no seu dia a dia e
a profissão dos sonhos mais citada foi “ser dono do próprio negócio”.
Seus anseios estão mais alcançáveis por acreditarem em pequenas
revoluções no dia a dia. Todo esse processo é exemplificado pela simples
frase de Gabriel: “A juventude e a mudança estão ligadas.”
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