Produtos como apontador ou lápis podem variar até 16 vezes em um mesmo Estado
Quem tem filhos sabe que a compra de material escolar é uma tarefa que exige tempo e disposição para buscar os melhores preços. E, com a proximidade da volta às aulas e o aumento do movimento nas papelarias, pesquisar os valores de todos os itens pedidos pela escola torna-se ainda mais complicado... (Continua)
Mas o esforço compensa. Levantamento feito pelos Procons de cinco Estados brasileiros – São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Pernambuco - mostra que a diferença entre o menor e maior preço de itens como um apontador de lápis pode chegar a estratosféricos 1.518% em São Paulo ou 1.426% no Distrito Federal. Na prática, isso significa pagar 16 vezes mais pelo mesmo produto.
A disparidade de preços é observada ainda em outros produtos presentes em todas as listas de material escolar. É o caso do lápis preto, que pode custar entre R$ 0,10 e R$ 1,59 em Pernambuco e R$ 0,20 e R$ 1,50 em Minas Gerais. Já a borracha branca custa entre R$ 0,07 e R$ 0,30 no Mato Grosso do Sul e R$ 0,15 e R$ 1,80 no Distrito Federal.
“Valores tão diferentes mostram a importância da pesquisa de preços”, afirma Odahyr dos Santos Junior, diretor-interino do Procon de Jacareí, em São Paulo. Outra alternativa para buscar melhores condições, diz ele, é unir-se aos pais de alunos da mesma série para fazer as compras em grupo, o que aumenta o poder de negociação na hora de pedir descontos
Mãe de duas crianças, a empresária paulista Gislaine Zorzin Gerin não dispensa a tomada de preços antes de comprar os materiais escolares. Com listas em mãos, ela logo percebeu a grande diferença de valores entre as lojas. “Pesquisei em diversos sites e também nas lojas do bairro para fazer a melhor escolha”, afirma. “Mas, acabei escolhendo os grandes varejistas por terem mais opções e um preço atrativo”.
Apesar de seu esforço para buscar as melhores alternativas, a empresária paulista teve de lidar com as dificuldades geradas pela exigência da escola por marcas específicas. A lei garante aos pais a livre escolha na compra dos itens, mas diversas instituições ainda insistem na prática de forçar a aquisição de determinadas marcas. “Cada lista custou R$ 300. A exigência de produtos específicos restringiu minhas opções e acabei gastando mais do que planejava”, diz Gislaine, que optou por deixar os filhos em casa para evitar que eles enfrentassem o tumulto nas lojas.
Já a profissional de relações públicas Camila Martinez Almeida teve mais liberdade na escolha dos materiais escolares de sua filha. Consciente do preço elevado das marcas famosas, Camila - que gastou R$ 80 em itens de papelaria - escolheu produtos com preços “intermediários”, com valor acessível e de boa qualidade. “Apenas em alguns produtos a situação foi diferente, já que levei minha filha e crianças se deixam influenciar por desenhos e cores”, diz.
Pais devem evitar comprar itens de grife
Deixar as crianças em casa e evitar comprar apenas itens de grife são dois dos conselhos dados pelo diretor do Procon de Jacareí para quem deseja reduzir as despesas com esse item do orçamento no início do ano. “Os pais devem avaliar principalmente a relação custo-benefício na hora de escolher os materiais, já que nem sempre preço alto significa garantia de qualidade”, afirma Santos Junior.
Adepta do reaproveitamento de materiais em bom estado, a psicóloga mineira Débora de Souza revela outra receita para economizar. Além do levantamento de preços, ela tem por hábito fazer um pequeno estoque dos itens que são pedidos todos os anos. “Sempre que vejo produtos como lápis, cadernos e canetas em promoção, compro e guardo em casa. Assim, a conta sempre fica menor no início do ano letivo”, diz.
Sebos são opção para compra de livros
No caso dos livros, atitudes simples podem render uma economia de até 70% em relação à lista apresentada pela escola. Mãe de dois meninos, a turismóloga Eugênia Carvalho recorreu aos sebos para comprar o material do filho mais velho, que tem 12 anos. De mudança para João Pessoa, onde ela ainda não conta com a rede de troca de livros que utilizava em Recife, ela já encontrou um sebo onde adquiriu boa parte das publicações pedidas pela escola.
O livro de português, que custaria R$ 100 na livraria mais barata da cidade, saiu por R$ 28. “Ao todo, gastei menos de R$ 300. Nas livrarias, a lista completa não sairia por menos de R$ 1 mil”, afirma Eugênia. Parte da economia é utilizada para comprar os itens como a mochila e o tênis da escola, que são escolhidos pelo filho.
Fonte: Bruna Bessi e Carla Falcão, iG São Paulo
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